freitasnews16

A imaturidade espiritual dos Coríntios

 A Igreja foi edificada para dar continuidade à missão de Cristo, de pregar o Evangelho a toda criatura. No entanto, algumas pessoas da igreja em Corinto estavam na contramão desse propósito divino, pois ainda eram imaturos, vivendo de acordo com as obras da carne. Paulo afirma que a imaturidade de alguns era um empecilho para o cumprimento da Grande Comissão. Nesta lição, veremos por que os irmãos da igreja em Corinto tinham uma vida cristã imatura. Observaremos que a imaturidade deles estava impedindo o crescimento e o avanço da obra de Deus, prejudicando a comunhão com o Senhor e entre os membros da igreja.

I – OS CORÍNTIOS ERAM IMATUROS NA VIDA CRISTÃ

1. Os cristãos em Corinto ainda eram carnais (v.1). Os crentes de Corinto tinham pouco tempo de conversa. Eles saíram do paganismo e do judaísmo, mas o paganismo e o judaísmo ainda não haviam saído deles. Estavam há pouco tempo na difícil caminhada cristã e muitos dos desejos carnais ainda dominavam suas vidas. Paulo ressalta que a igreja ainda possuía muitos comportamentos carnais e, como consequência, tinha uma fé exclusivista, fechada e egoísta. O apóstolo critica essa fragilidade da fé dos coríntios e os exorta a deixarem a infantilidade espiritual para alcançarem a maturidade cristã. Como os coríntios daquela época, atualmente, muitos se comportam da mesma maneira.  Sem uma base sólida de fé, alicerçada na Palavra de Deus, são levados por qualquer vento de doutrina.

2. Os coríntios são chamados de crianças espirituais. Toda analogia é incompleta e precisa ser tratada com cuidado. Por exemplo, Pedro também usa a figura da criança, mas no sentido positivo: “Desejo afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que, por ele, vades crescendo” (I Pe 2.2). Jesus também a usou no sentido positivo: “Em verdade vos digo que qualquer que não receber o Reino de Deus como uma criança não entrará nele” (Lc 18.17). Pedro destaca o apetite saudável pelo leite racional, ou seja, o alimentar-se da Palavra de Deus. Enquanto Jesus destaca a simplicidade e a humildade de uma criança. Mas diferente de Pedro e de Jesus, Paulo compara os coríntios com uma criança no sentido negativo, na sua incapacidade de compreender a seriedade do Evangelho.

3. O cristão infantil não pode se alimentar de alimento sólido (v.2). Paulo afirma que devido à imaturidade dos coríntios, ele teve de alimentá-los com leite. O autor da Carta aos Hebreus afirma que “qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino (Hb 5.13).” O alimento sólido é somente para os adultos que “têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal” (Hb 5.14). Os coríntios estavam em um processo lento de crescimento, mas se achavam adultos e prontos. No entanto, estavam equivocados. Paulo os chama de crianças na fé. Para uma criança não se pode dar algo mais forte do que ela seja capaz de ingerir. Por isso, sempre há necessidade de cuidados especiais. A maneira como Paulo fala na carta demonstra esse cuidado. Pessoas espiritualmente imaturas não suportam ser corrigidas e, geralmente, distorcem as palavras e os ensinos recebidos.

II – O QUE PODE NOS IMPEDIR DE CRESCER NA FÉ

2. Alimentar o sentimento de inveja (v.3). Uma das principais paixões humanas que os crentes imaturos e carnais não conseguem controlar é a inveja. A inveja produz contendas e dissensões na igreja. Infelizmente, esse sentimento predominava entre os membros da igreja em coríntios. A inveja é uma paixão humana, obra da carne, que interfere no julgamento do indivíduo, causando-lhe um peso diante do sucesso dos outros. A palavra “inveja” é formada pelos vocábulos latinos in (dentro de) + videre (olhar), que indicam um olhar maléfico que penetra no outro de forma destrutiva. O invejoso vive em função do que o outro tem. Não importa que ele não tenha o objeto desejado, desde que o outro também não possua. O cristão deve ser capaz de identificar esse sentimento e, por meio do Espírito Santo, mantê-lo sob controle. Isso é um exemplo de maturidade cristã.

2. Promover contendas e dissensões (v.3). Nem sempre as contendas e dissensões são geradas pela inveja, podem ser suscitadas também pela ambição, desejo de prestígio, soberba, dentre outros desejos, todos presentes na igreja de Corinto.  Em geral a inveja promove contendas e dissensões, não permitindo que venhamos andar de maneira honesta e sincera diante de Deus e dos irmãos em Cristo (Rm 13.13). As pessoas que costumam promover contendas e dissensões são consideradas crianças espirituais e crentes carnais.

3. A falta de unidade. Paulo via cada pessoa como parte de uma grande unidade, o Corpo de Cristo, por isso ele partia do pessoal para o comunitário. Os coríntios se moviam no sentido contrário, eles criaram divisões e enfraquecem a unidade fraternal. A proposta de Paulo era o trabalho em equipe, a igreja unida como um só corpo para a superação das divisões e partidarismos. O apóstolo comenta a respeito do fato de algumas pessoas dizerem: “Eu sou de Paulo” e outras afirmarem: “Eu sou de Apolo”. Paulo assevera que ele e Apolo eram apenas ministros a serviço do Reino de Deus, por isso faziam um trabalho de cooperação. Os coríntios, que não sabiam trabalhar em unidade, defendiam o que achavam ser o mérito de cada um dos líderes, enquanto estes apenas queriam unir suas forças em prol de um objetivo comum: a expansão do Reino de Deus.

III – O PERIGO DA ESTAGNAÇÃO NA FÉ

1. Substituir o verdadeiro fundamento imobiliza a fé (3.10,11). Paulo usa a figura do fundamento de um edifício para mostrar a importância de estarmos edificados sobre a Rocha Eterna. Se o fundamento não for bom e sólido, acaba por comprometer toda a construção. O que Paulo combate em Corinto é o mau uso da razão com intenções orgulhosas para obter resultados facciosos. Alguns membros, erroneamente, utilizavam ensinos e preceitos fundamentados em valores da sociedade secular, que não levavam em conta o Evangelho da cruz, e acabavam por gerar divisões e contendas na igreja. Paulo tomava como base a própria Escritura para demonstrar que não se pode ir além da verdade do Evangelho, a salvação por meio da cruz de Cristo. Alguns coríntios, por substituírem o fundamento lançado por Paulo, estavam estagnados na fé. Por isso, o apóstolo faz uma séria advertência aos crentes de Corinto e a todos os cristãos: “[…] Ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (v.11).

2. Ignorar o juízo divino pode comprometer a vida eterna com Deus. Paulo adverte aos crentes de que todas as pessoas terão que prestar contas de suas obras diante de Deus (vv.13-15). Provavelmente, ele traz a lembrança desse dia porque os coríntios viviam como se esse dia não existisse. Eles estavam ignorando o julgamento divino. Paulo declara que quem realiza a obra de Deus de forma fraudulenta não ficará para sempre encoberto (I Co 4.1-5).

3. O perigo de se gloriar na sabedoria humana (vv.18-23). Os coríntios tinham aparência de piedade, mas eram guiados pelo elevado conceito que possuíam acerca de si mesmos. Paulo os adverte para não serem sábios aos próprios olhos, pois Deus apanha os sábios em sua própria astúcia (vv.18,19). O problema aqui não é a capacidade intelectual e cultural, mas em usá-los para sobrepor o próximo. Como os coríntios, algumas pessoas se vangloriam por terem sido influenciadas por pessoas que são consideradas grandes intelectuais. No entanto, ignoram e menosprezam os que têm fé em Deus e no sacrifício de Cristo. Em alguns ambientes intelectuais a fé tem sido alvo de deboche e as pessoas que se apresentam como cristãos e tementes a Deus têm sido humilhadas. Paulo exorta os coríntios para que não se gloriem na sabedoria deste mundo, pois é loucura diante de Deus (vv.19-23 ).

CONCLUSÃO

A imaturidade dos coríntios evidencia o perigo da fragilidade da fé infantil e a necessidade do crescimento espiritual. Eles ainda eram carnais, pois alimentava o sentimento de inveja e promoviam contendas e dissensões na igreja. Portanto, precisamos nos manter firmes em Jesus Cristo, buscar a sabedoria divina e cultivar uma vida de comunhão para continuarmos a crescer até o Dia do Senhor.

Postado por: Pr. Ademilson Braga

Compartilhe: