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OS INIMIGOS DOS CRISTÃOS

A CARREIRA QUE NOS ESTÁ PROPOSTA
O Caminho da Salvação, Santidade e Perseverança para Chegar ao céu

O QUE ESTUDAREMOS?
A Palavra de Deus identifica três grandes inimigos que se colocam diante de nós ao longo de nossa carreira cristã: o Diabo, a Carne e o Mundo. Por isso, nesta lição, estudaremos cada um desses inimigos, o conceito bíblico de cada um deles, e como, do ponto de vista doutrinário, a Bíblia nos orienta a lidar com esses inimigos. Vamos juntos aprender a Palavra de Deus.


TEXTO ÁUREO – COMPARANDO TRADUÇÕES
Que o Espírito de Deus, que nos deu a vida, controle também a nossa vida! Nós não devemos ser orgulhosos, nem provocar ninguém, nem ter inveja uns dos outros. (Gl 5.25,26 NTLH). Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito. Não sejamos presunçosos, provocando uns aos outros e tendo inveja uns dos outros. (Gl 5.25,26 NVI); A chave para a vitória espiritual é estar “no” Espírito. Há um duplo significado na expressão “viver”, pois se refere tanto à vida neste mundo, na conduta diária de cada crente, quanto à nova vida no Senhor: a vida espiritual que também vivemos neste mundo. O verbo grego stoichomen, “andemos”, significa ficar numa fila, caminhar em linha reta, comportar-se adequadamente. A palavra era usada para o movimento numa linha definida, como numa formação militar. O tempo presente aponta para a ação habitual contínua. Como exército de Deus (“Senhor dos exércitos” no Antigo Testamento significa “Senhor dos exércitos do céu”), devemos marchar em linha com o Espírito, nosso comandante. Somos agora parte da nova criação, e seguimos em sintonia com a nova era do Espírito, seguindo sua liderança em tudo o que fazemos. O peregrino só terá êxito em sua jornada se viver e andar no Espírito. É sob o governo divino que o viajante rumo às mansões celestiais evitará os pecados listados no versículo 26:
• Presunçoso. A palavra traduzida como “vangloria/presunção é usada somente aqui em todo o Novo Testamento; pode ser traduzida literalmente como “vangloriou-se em vão”. Em seu uso na literatura secular, ela é frequentemente associada à jactância e tem o sentido de “gloriar-se em coisas vãs” ou “ver valor em coisas que não são realmente valiosas”. Aqui, provavelmente significa “vangloria” ou “jactancioso”. Orgulhoso pode muitas vezes ser traduzido como
“sempre dizendo o quanto somos grandes” ou, como expresso de forma idiomática, “sempre dizendo: Olhe para mim”.
Provocação. A frase traduzida provocando uns aos outros também é usada apenas uma vez no Novo Testamento. De acordo com seu uso secular, ela significa “provocar” ou “desafiar”. O significado do termo grego subjacente pode ser expresso de forma idiomática em alguns casos como “sempre se colocar à frente dos outros”.
Inveja — A frase traduzida como “invejosos uns dos outros” também é usada apenas uma vez no Novo Testamento, embora sua forma nominal seja usada em muitos outros lugares. Ela significa “ter ciúmes” ou “ter inveja uns dos outros”.

VERDADE PRÁTICA
Na jornada da fé há inimigos que tentam nos atrapalhar: o Diabo, a Carne e o Mundo; mas em Cristo somos mais que vencedores. Quero focar apenas na última parte da Verdade Prática: em Cristo somos mais que vencedores. Essa expressão está registrada em Romanos 8.37: Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. “Em todas essas coisas” significa que em todas as áreas onde enfrentamos oposição e problemas, nós não apenas não podemos ser derrotados, mas, na verdade, crescemos e vencemos. O que somos pode ser literalmente traduzido por “super vencedores” (hypernikōmen). Vencedor é aquele que derrota o inimigo. Vitória absoluta sobre todas as dificuldades e sobre todos os que agem para nos prejudicar (por exemplo, o Diabo, a Carne e o Mundo) é garantida quando Cristo e o Espírito assumem o controle. Nove razões porque somos mais do que vencedores:
Somos mais do que vencedores porque o Espírito Santo nos assiste em nossas fraquezas (Rm 8.26).
• Somos mais do que vencedores porque o Espírito Santo intercede por nossas fraquezas (Rm 8.26,27).
• Somos mais do que vencedores porque Deus trabalha em nós (Rm 8.28,29).
• Somos mais do que vencedores porque Deus é o nosso defensor (Rm 8.31).
• Somos mais do que vencedores porque Deus nos deu o seu filho (Rm 8.32).
Somos mais do que vencedores porque fomos declarados justos por meio de Cristo Jesus (Rm 8.33).
Somos mais do que vencedores porque nenhuma situação adversa pode nos separar do amor de Deus em Cristo Jesus. (Rm 8.35).
Somos mais do que vencedores porque temos uma convicção inabalável (Rm 8.38,39).
• Somos mais do que vencedores porque Jesus morreu pelos nossos pecados e ressuscitou ao terceiro dia. A dividida foi paga. (Rm 8.34).

I. O PRIMEIRO INIMIGO DO CRISTÃO: O DIABO
1.1 O Diabo é real.
A LIÇÃO DIZ: A existência do Diabo como pessoa é descrita desde o primeiro livro da Bíblia. No Antigo Testamento, as ações de Satanás são descritas em Gênesis, 1 Crônicas,, Salmos, Isaías, Ezequiel e Zacarias. O Novo Testamento mostra a atuação do Diabo por cerca de 25 vezes das 29 passagens dos Evangelhos em que Jesus o menciona. Em seu ministério, nosso Senhor atesta a realidade de Satanás (Mt 13.39; Lc 11.18). A Bíblia declara que o mal não surgiu por acaso. Não foi uma questão de azar ou fatalismo que interrompeu os bons planos do Criador. A explicação da revelação bíblica se firma na queda de um poderoso anjo, criado por Deus antes da formação de Adão e Eva (Gn 1 e 2). Do pináculo da criação, caiu no mais fundo abismo do pecado. Este principal adversário de Deus escolheu, junto com inúmeros espíritos aliados, o caminho do mal e a rebelião contra seu Criador (1 Jo 3.8). Ainda que a Bíblia pouco nos informe sobre a queda de Satanás, passagens tais como Isaías 14.12-15 e Ezequiel 28.12-18, que descrevem a soberba dos reis da Babilônia e de Tiro, nos fornecem uma sugestiva possibilidade acerca do modo como esse arcanjo teria caído. “Tu és o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura. Estavas no Éden, jardim de Deus… Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus… Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti” (Ez 28.12- 15). Essas afirmações parecem mais adequadas a Lúcifer, no sentido literal, do que ao rei de Tiro. Certamente foram a soberba e a inveja que levaram aquele ser a se tornar o inimigo implacável de Deus, exatamente como aconteceu com o chefe de Tiro. João diz que a cauda do dragão (um dos nomes figurados de Satanás) “arrasta a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra” (Ap 12.4). O Diabo existe e é o principal opositor a Deus, a sua Palavra e a seu povo. A palavra diabo significa “acusador” e vem do grego diabolos. Ele é mencionado na Bíblia como um ser hostil e completamente mau. O Diabo é cruel e furioso, capaz de fazer tudo o que estiver ao seu alcance para alcançar seus propósitos malignos. Segue uma breve lista das correntes de pensamento que não acreditam na existência da figura do Diabo conforme descrita nas Escrituras:
• Secularismo e Ateísmo:
a. Grupos naturalistas e negativistas dentro do secularismo e ateísmo não acreditam na existência literal do Diabo conforme descrito nas Escrituras.
b. Para eles, Satanás é uma construção mental, uma figura mitológica ou um símbolo que representa o mal, a injustiça e a oposição.
• Psicologia e Filosofia:
a. Essas disciplinas veem Satanás como uma metáfora.
b. Ele personifica aspectos sombrios do subconsciente humano, como impulsos e desejos egoístas.
c. Também pode representar a negação da responsabilidade pessoal.
• Cultura Popular, Nova Era e Esoterismo:
a. Na cultura popular (filmes, séries, arte, música), Satanás é retratado de maneira sensacionalista, evocando terror e medo.
b. Na Nova Era e no esoterismo, Satanás é visto de forma mais sincretista, equilibrando características de bem e mal. Ou seja, o Diabo no fim das contas é necessário e não de todo mal.
Teólogos Liberais:
a. Teólogos liberais questionam a inspiração total das Escrituras.
b. Para eles, Satanás é uma metáfora do mal, não uma entidade real.
c. Textos bíblicos que mencionam Satanás são interpretados como alegorias com lições
morais e espirituais.
1.2 A descrição de Satanás.
A LIÇÃO DIZ: Satanás é o chefe dos anjos caídos. Ele possui poder, porém, suas ações estão limitadas, mas é visto como o deus deste século, o príncipe da potestade do ar (2 Co 4.4; Ef 2.2). Também podemos afirmar que Satanás é um ser que possui personalidade, ou seja, ele tem inteligência (2 Co 11.3), raiva (Ap 12.17), desejos (Lc 22.31) e vontade própria (Is 14.13,14; 2 Tm 2.26). Nosso Senhor considerava Satanás como uma pessoa e, por isso, usou pronomes pessoais para se referir a ele (Mt 4.1-12; cf. Jó 1.6-12; 2.1-4). O texto nos fornece uma informação importante que merece destaque: Ele (o Diabo) possui poder, porém, suas ações estão limitadas. Satanás não é onipresente, onisciente e nem onipotente! Quando pensamos em termos de Batalha espiritual, o nosso inimigo não estar e nunca esteve em pé de igualdade com Deus. Pelo contrário, ele já foi vencido e sua sentença está decretada. O texto afirma que Satanás possui personalidade:
Inteligência: Ele é astuto e enganador (2 Co 11.3).
Raiva: O Apocalipse o descreve como um inimigo furioso (Ap 12.17).
Desejos: Ele tentou Pedro (Lc 22.31) e busca desviar as pessoas do caminho correto.
Vontade Própria: Sua rebelião contra Deus (Is 14.13-14; 2 Tm 2.26) demonstra sua autonomia.
1.3 A identidade do Inimigo.
A LIÇÃO DIZ: Podemos conhecer o Inimigo por meio dos nomes que a Bíblia usa para
descrevê-lo.
Antiga serpente. Este nome nos lembra da primeira aparição de Satanás na história. Ele espreitava Eva no paraíso e convenceu o primeiro casal a pecar. “Antiga” sugere que ele está no mundo há muito tempo e, também, que é bem conhecido. Paulo afirma que “a serpente enganou Eva com a sua astúcia” (2 Co 11.3; Gn 3.4-13), destacando a inteligência utilizada com a intenção de seduzir. A serpente se esconde, não mostra o veneno inoculado por suas Mpresas. Uma característica de Satanás é que ele não anuncia o destino do caminho que recomenda nem revela as consequências das prazerosas atividades que promove.
• Satanás. Este vocábulo de origem hebraica significa adversário. Aponta para a inveja deste ser angelical que não suporta a comunhão e a lealdade que une Deus àqueles que O amam. O caso de é notório. Satanás acusa Jó de ser justo apenas pelo que recebe materialmente de Deus (Jó 1.6-11). Ele quis anular os direitos sacerdotais de Josué, acusando-o diante de Deus pelos seus pecados (Zc 3.1). Mas Deus perdoou os pecados de Josué. As acusações não surtem nenhum efeito, a não ser destacar mais nitidamente a graça e bondade de Deus. Paulo queria visitar os tessalonicenses, mas Satanás barrou o seu caminho (1 Ts 2.18). A oposição do inimigo de Deus tem a finalidade de estabelecer o seu reino em detrimento do reino de Deus. Por ser o rival do Rei do universo. Satanás se opõe a toda iniciativa de Deus no mundo.
Maligno. Na maioria das vezes em que se emprega o termo poneros, “mal”, “mau”, “maligno”, seu uso descreve o caráter de um objeto ou ação. Há, entretanto, uns poucos casos, facilmente identificáveis pelo uso absoluto com o artigo, “o maligno” (Mt 6.13; 13.19, 38; Jo 17.15; Ef 6.16; 2 Ts 3.3; 1 Jo 2.13s.; 3.12; 5.18), que tratam de Satanás. O maligno, como nome, salienta claramente a perversidade total deste espírito corrompido. A declaração de João: “Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no maligno” (1 Jo 5.19), ensina que o mundo pecador, inimigo de Deus, vive em submissão a Satanás. Dele recebe orientação e direção para se opor a tudo que agrada a Deus. Não fosse o diabo, a maldade do mundo careceria de coordenação e alvos específicos. Ocorreria espontaneamente e por acaso. Por isso Jesus ensinou os discípulos a pedirem livramento do maligno (Mt 6.13), como quem tem uma estratégia bem pensada na sua luta contra Deus. Devemos agradecer a Deus, pois Ele guarda os Seus amados do maligno (1 Jo 5.18; Jo 17.15).
• Dragão Vermelho. As origens deste título se encontram no A.T. e mostram um certo paralelismo com “a serpente”. As 12 ocorrências deste nome no N.T. estão no Apocalipse e se referem a Satanás. Transparece o seu caráter destrutivo, que inspira terror como um monstro feroz. Ele ficou cheio de ódio e ira, dominado pelo pensamento de destruir os servos de Deus (Ap 12.12). A sua cor vermelha (v. 3) deve apontar para sua natureza assassina (Jo 8.44). Nenhuma piedade acalenta o seu coração duro como pederneira.
• Tentador. Este nome, ainda que raro, descreve de modo literal a atividade satânica natural de tentar induzir os justos a pecar ou abandonar a fé. Mateus 4.3 mostra o tamanho da arrogância do diabo que pensava poder tentar o Senhor Jesus Cristo, fazendo-O pecar. 1 Tessalonicenses 3.5 revela o temor que Paulo sentia diante da possibilidade de o “tentador” ho peirazõn) provar (epeirasen) os novos crentes da Macedônia, induzindo-os, através dos sofrimentos, a renunciarem à fé. Por certo, Jesus tinha a tentação em mente quando advertiu Simão Pedro a respeito do intenso desejo que Satanás tinha de peneirar os discípulos (Lc 22.31). A intercessão de Jesus concentrava-se no pedido: “que a tua fé não desfaleça” (v. 32).
Belzebu. No A.T., Baal-Zebube era o deus de Ecrom, cidade dos filisteus (2 Rs 1.2, 16). Jesus designou Satanás com este nome, acrescentando a informação de que ele é o “maioral dos demônios” (Mt 12.24). O significado deste vocábulo composto é “Senhor (baal, cf. 1 Pe 3.6 com Gn 18.12) das moscas” ou “o gênio que preside a corrupção”. Se as moscas representam os espíritos malignos, deduzimos que Satanás ordena o serviço deles, sempre com o intuito de corromper a vida pessoal (sexo, drogas, desonestidade) e social (intrigas, maledicência, manipulação, mentira e pressão). Satanás é descrito por João como “o sedutor de todo o mundo” (Ap 12.9).
Belial. No A.T., os “filhos de Belial” (Jz 20.13; 1 Sm 10.27; 30.22; 1 Rs 21.13) são os “marginais”, “salafrários”, “mal-intencionados”. No N.T., Paulo emprega este nome para apontar para o extremo contraste: “Que harmonia existe entre Cristo e o Maligno?” (gr. Beliar, 2 Co 6.15). Provavelmente, “o homem sem lei” (anomias, 2 Ts 2.3) representa o mesmo conceito básico, um homem dominado por Satanás e, portanto, isento de qualquer controle da parte de Deus.

II. O SEGUNDO INIMIGO DO CRISTÃO: A CARNE
2.1 Conceito bíblico de carne.
A LIÇÃO DIZ: Há quatro definições para a palavra “carne” na Bíblia:

1) o tecido muscular do corpo humano e dos animais (Gn 2.21);

2) о corpo humano inteiro (Ex 4.7);

3) o ser humano segundo a sua fragilidade e mortalidade (Sl 78.39);

4) a natureza humana pecaminosa (Gl 5.19; 6.8). A carne é a nossa natureza humana com sua tendência natural ao pecado. A carne refere-se à nossa natureza caída (as vezes chamada de velho homem), que surgiu desde a desobediência de Adão e Eva. A Bíblia diz que todos nós nascemos com o coração inclinado a pecar, e que essa tendência a fazer o mal estará conosco enquanto vivermos aqui. Todo cristão possui duas naturezas: a nova vida que ele recebeu quando aceitou a Cristo, e a velha natureza pecaminosa chamada carne. A nova natureza é controlada pelo Espírito Santo, mas a natureza antiga é caracterizada por seus desejos pecaminosos. Quando a nova natureza sem pecado é colocada ao lado da antiga natureza depravada, começa então a luta entre espírito e carne.
2.2 As marcas da carne.
Nossa natureza caída, pecaminosa, caracteriza-se pela sutileza e hipocrisia. Todos temos uma tremenda dificuldade de enxergar nossa carnalidade. Vivemos atrás da máscara que nos esconde de nós mesmos. Impedimos que o espelho de Deus nos revele o que somos.
A autojustificação revela nossa natureza de modo inegável. Nós cobrimos o mau cheiro dos pecados com o desodorante das desculpas.
Prazer nas Falhas dos Irmãos. Um sinal da “carne” é também aquele gosto perverso de receber notícias das falhas e pecados dos irmãos. Quedas sensacionais agradam particularmente à “carne”.
A Fuga da Culpa. A fuga da culpa seria o método pelo qual a carne evita as dores provindas da humilhação. A nossa natureza herdada de Adão e Eva não vê com bons olhos as suas próprias falhas. A “carne” detesta o sentimento de culpa, de maneira que carrega a marca inegável de quem quer se defender e fugir.
Rebelião Contra Deus. A inimizade contra Deus cria o desgosto humano por cultos, oração e comunhão prolongada na presença do Senhor. Paulo escreve que “o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar” (Rm 8.7).
Podridão, Decomposição e Corrupção. A carne, material orgânico de toda criatura, está sujeita à corrupção (1 Co 15.53). Paralelamente, a “carne” no sentido moral também apodrece, tomando o coração uma espécie de fossa negra de onde emanam ideias, atitudes, palavras e ações perversas. Não é preciso ser dono de uma inteligência extraordinária para concluir que existe, nas profundezas do ser humano, uma perversidade tão característica como é da natureza do gato perseguir o rato ou do galo cantar de madrugada. Essa corrupção cancerosa se propaga, contaminando os relacionamentos com o próximo (inveja, homicídio, furtos, adultério, dolo) e com Deus (soberba, amor próprio, independência, idolatria, etc.)

III. O TERCEIRO INIMIGO DO CRISTÃO: O MUNDO
3.1 Perspectivas bíblicas da palavra “mundo”.
A LIÇÃO DIZ: Há cinco conotações bíblicas para a palavra mundo: 1) a terra (Sl 24.1); 2) o conjunto das nações conhecidas (1 Rs 10.23); 3) a raça humana (Sl 9.8; Jo 3.16); 4) o universo (Rm 1.20); 5) os que se opõem a Deus. Esses têm o Diabo como chefe e vivem na impiedade (Jo 12.31; 15.18). Tendo em mente a quinta conotação, queremos destacar que a Bíblia ensina que não devemos amar ao mundo, pois ser amigo do mundo é ser “inimigo de Deus” (Tg 4.4). O mundo é todo esse sistema de valores que domina a sociedade e muitos deles são contrários à vontade de  Deus. O mundo que não devemos amar é o “modo de vida” sem regras e cheio de pecados, que incentiva a ganância, o egoísmo, a força, a ambição e o prazer acima de tudo. O cristão temente a Deus deve sempre vigiar para não ser envolvido por estes sentimentos carnais e deixar os valores espirituais em segundo plano.
3.2 Três níveis de vícios infames.
A LIÇÃO DIZ: As concupiscências da carne, dos olhos e a soberba da vida são níveis de vícios infames que todo cristão encontrará diante de sua jornada. Em 1 João 2.15-17 está escrito que os prazeres do mundo estão divididos em 3 partes: a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a soberba da vida. Essas são as marcas do mundo sem Deus:
A cobiça da carne. A concupiscência da carne. “Concupiscência” significa desejo, vontade, cobiça, uma palavra sempre usada na Bíblia com conotação negativa, especialmente quando se refere à “carne”, que João emprega aqui no sentido de natureza pecaminosa e corrompida do homem. A concupiscência da carne pode se referir em geral aos desejos e impulsos ilícitos da humanidade sem Deus e a gratificação deles (Rm 13.14; Ef 2.3). Provavelmente, o melhor comentário sobre tais desejos seja a lista de obras da carne que Paulo menciona em Gálatas 5.19–21, e que inclui prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções. Mas aqui João tem em mente um tipo de concupiscência em particular, aquela relacionada com a “carne”. “Ele se refere, quer aos desejos impuros, que incluem todos os pensamentos, palavras e ações não castos, fornicação, adultério, estupro, incesto, sodomia e demais desejos não naturais, quer à intemperança no comer e no beber, motins, arruaças e farras, bem como todos os prazeres sensuais da vida, que gratificam a mente carnal e pelos quais a alma é destruída e o corpo desonrado” (J. Gill).
A cobiça dos olhos. João menciona ainda a concupiscência dos olhos, que é a vontade de contemplar aquilo que agrada aos olhos, mesmo que seja proibido. Vários exemplos podem nos ajudar a compreender essa marca do modo pagão de viver: Eva percebeu que o fruto proibido era “agradável aos olhos” e se deixou levar pela concupiscência que entrou em seu coração pelos olhos (Gn 3.6); Davi, ao ver Bate-Seba tomando banho, desejou-a, mesmo que fosse a mulher de outro (2Sm 11.2); Acã, após ver a bonita capa babilônica entre os despojos proibidos, desejou-a e tomou-a ocultamente (Js 7.21). São olhos que “nunca se fartam de riquezas” (Ec 4.8).
• A soberba da vida. Finalmente, completando o catálogo das marcas do mundo sem Deus, João menciona a soberba da vida, que pode ser entendida como uma confiança vaidosa e arrogante nos bens materiais que alguém possui. João usa aqui uma palavra para “vida” (βίος) que recorre somente em 3.17. Naquela passagem, João se refere ao crente que “possui recursos deste mundo (βίος)” e diz que a atitude dele para com esses recursos deve ser de usá-los para socorrer o irmão que passa necessidade. A confiança arrogante e pretensiosa nesses recursos, em contraste, é a marca do mundo sem Deus. Vários exemplos bíblicos podem ser dados de “soberba da vida”, entre eles a soberba de Nabucodonosor (Dn 4.30), de Assuero (Et 1.3–7), de Herodes (At 12.21–23). Veja a descrição do típico soberbo no salmo 73.5–12. Veja o mesmo também na atitude dos fariseus em Mateus 23.6–7. O mundo exerce muita influência sobre nós e quer moldar nossos pensamentos, mas quando estamos em Cristo, nos tornamos cidadãos do Céu e temos a oportunidade de sermos guiados pelo Espírito Santo.

CONCLUSÃO
Como o peregrino pode vencer esses inimigos?
1. O Diabo.
Para vencer as ciladas satânicas é preciso uma compreensão bíblica de luta e defesa. Estratégias eficazes precisam ser identificadas e praticadas. Jesus utilizou uma defesa modelar quando enfrentou a tentação do adversário no deserto. Ele reconheceu tanto a origem da tentação como o seu objetivo. Em Sua perfeita defesa, Cristo elevou a autoridade da Bíblia acima da racionalização e dos interesses humanos. “Está escrito…” bastava para encerrar qualquer
discussão. A Bíblia inspirada, corretamente interpretada, deve ser a última palavra em qualquer discussão travada com Satanás. A Bíblia apresenta eficientes meios para resistir ao leão que ruge. Na carta endereçada a igreja de Éfeso, Paulo orientou os irmãos a vestirem toda armadura de Deus (Ef 6.10-18).
2. A Carne.
O apóstolo Paulo estabelece três estratégias para vencer o inimigo, a carne. São muito mais fáceis de lembrar do que praticar, uma vez que sufocar os desejos que nossa natureza suscita, mortificá-los, fugir deles e despojá-los não são tarefas realizáveis, a não ser que haja muita sabedoria e motivação. Examinemos com cuidado cada maneira de lutar contra a carne com oração e humildade.
A Destruição das Fontes de Sustento. Em primeiro lugar, devem-se tomar medidas para sufocar a carne, privando-a de tudo que a sustenta. “Nada disponhais (grego, pronoian, ‘premeditação’) para a carne, no tocante às suas concupiscências” (desejos malignos, Rm 13.14), exclama Paulo. Com o auxílio do Espírito afastaremos, uma por uma, as fontes que incitam a carne: se for o sexo, devemos cortar os incentivos, tais como filmes, revistas, leitura, praia, enfim, todo e qualquer relacionamento, atividade ou local que alimente a concupiscência ou lascívia.
O Afastamento das Paixões. A vitória sobre a força maligna em nós mesmos demanda fuga (1 Tm 6.11). Não se pode fugir de Satanás, nem do mundo (a não ser por intermédio da morte física), mas “o homem de Deus” deve correr em direção oposta à avareza (amor ao dinheiro, 1 Tm 6.10) e às “muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína” (1 Tm 6.9). Mas não basta fugir das paixões; precisamos “seguir (grego, diõke, “perseguir”) a justiça, a piedade (santidade), a fé, o amor, a constância, a mansidão” (lTm6.11).
O Despojamento da Carne. Em terceiro lugar, Paulo exorta os seus leitores a se despojarem do “velho homem” e se revestirem do “novo homem” (Ef4.22,24s.; Rm 13.12, 14; Cl 3.8; Hb 12.1; Tg 1.21; 1 Pe 2.1). A figura de tirar as roupas da velha vida, anterior ao arrependimento e conversão, surgiu do batismo. A carne e suas práticas devem ser postas de lado na nova vida em que Cristo reina. O “novo homem” representa a realidade da vida abundante, que substitui as práticas e atitudes da carne anteriores ao nascimento do Espírito (Jo 3.6). Este “novo homem”, criado de acordo com o padrão de Deus “em verdadeira justiça e santidade”, deve manifestar o fruto do Espírito produzido quando o filho de Deus a Ele se submete.
3. O Mundo. Para vencer, é imprescindível levar a sério os conselhos bíblicos:
• A maioria não representa necessariamente a vontade de Deus. “Não seguirás a multidão para fazeres o mal” (Êx 23.2). Receosos de parecermos isolados ou minoritários, curvamo-nos facilmente ante o argumento de que “todos estão fazendo…” Vencemos quando temos a convicção de que vale muito mais ficarmos sozinhos com Deus.
O mundo deve ser derrotado pela cruz. Disse Paulo: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo” (G16.14).
É preciso tomar a decisão de evitar conformar-se com a cultura pagã do secularismo contemporâneo (Rm 12.2). Para se conseguir a nova mentalidade anti-mundana, é necessário deixar conscientemente de imitar os “habitantes da terra” (Dt 12.29s.). Não amar ao mundo quer dizer evitar ter como heróis aqueles que os não-crentes exaltam e, ao mesmo tempo, “imitar a fé” dos homens de Deus que venceram a tentação do mundanismo (Hb 13.7; 1 Co 11.1).
• A vitória sobre o mundo só pode ser alcançada por quem muda o objeto do seu amor. À semelhança de Demas, que abandonou a Paulo numa hora de extrema necessidade, por amor ao mundo (“presente século”, 2 Tm 4.10), o cristão sente uma atração pelo mundo, pelas coisas, pela lisonja e pela preciosidade de tudo que brilha e entretém, mesmo que
temporariamente (1 Jo 2.16). Esse amor precisa ser desterrado, e um amor maior pelo Senhor da glória implantado em seu lugar.

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